terça-feira, 10 de julho de 2012

O que deixa as crianças mais alegres e felizes?




Criar filhos felizes é uma das maiores preocupações dos pais – e começa antes mesmo de eles nascerem. O que deixa as crianças realmente felizes? Brinquedos, viagens ou parques de diversões? Uma pesquisa exclusiva mostra, pela primeira vez, o que sentem as crianças brasileiras. E ninguém melhor que elas próprias para contar o que as deixam mais felizes.
Um pedido da Sociedade Brasileira de Pediatria, o instituto de pesquisas Datafolha ouviu 1.525 crianças, de 4 a 10 anos, de 131 municípios. Não era possível afirmar se a diferença cultural ou a classe econômica poderia contribuir para o grau de felicidade na infância. Para surpresa dos pesquisadores, nenhum desses fatores foi significativo. Crianças do Recife deram respostas muito parecidas com as de São Paulo ou Porto Alegre. “Os sentimentos se mostraram universais”, afirma Eduardo Vaz, pediatra, presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
O estudo contemplou os estados emocionais da criança em relação à família, ao futuro, às brincadeiras e à escola. E aí veio mais uma surpresa: o que deixa a criança mais feliz são coisas simples, como estar com os avós, brincar com os amigos e praticar esportes.

Resultado:
Ficar perto dos pais, dos irmãos e dos avós, deixa 87% das crianças brasileiras mais alegres, de acordo com a pesquisa. Os avós de hoje chegam à velhice saudáveis, conectados, menos saudosistas e mais participativos.
O dia do aniversário aparece como motivo de alegria para 96% das crianças. Não só os presentes são responsáveis pela felicidade dos pequenos, mas a atenção que recebem na data da família e dos amigos também – além do próprio fato de crescerem oficialmente.
Longe do estereótipo de família perfeita, saber que a proximidade é tão importante para o bem-estar da criança pode ajudar os pais a, dentro do possível, adotar pequenas atitudes que façam diferença para os pequenos. Pode ser um recado surpresa na lancheira, uma ligação no meio da tarde, um SMS ou usar a hora do almoço para buscá-lo na escola. Levar ao cinema ou a um parque também é bom, mas a presença dos pais faz mais diferença que o tipo de programa. Como disse o escritor Guimarães Rosa, “felicidade se acha em horinhas de descuido”.

Fazer refeições em família mostrou a pesquisa, deixa 87% das crianças felizes. Mas e aquele dia em que a mãe chega tarde do trabalho e os filhos estão dormindo? Presença física é importante, mas não é só isso. Saber onde o filho está, o que vai comer, se está usando casaco em dia de frio, se voltou da escola bem ou se vai ter um aniversário de um colega e é preciso comprar um presente são cuidados à distância que fazem diferença na relação familiar. “As crianças sentem essa conexão”.
Uma vez que é ouvida, valorizada, recebe atenção e carinho, a criança sente que pode confiar nos pais. Essa confiança torna-se um canal aberto para o diálogo na adolescência. O que não significa que percalços não acontecerão. Mas, se algum problema ocorrer, esse adolescente tem intimidade para se abrir e pedir ajuda.

Ao contrário do que muitos pais pensam, tecnologia não é o primeiro item da lista. Seis entre dez pais entrevistados apontaram videogames e internet como distrações favoritas. Na pesquisa com as crianças, apareceram brincar de boneco ou boneca e de carrinho como brincadeiras individuais favoritas. Videogame está em quarto lugar nessa categoria. Dentre as distrações em grupo, as crianças elegeram jogar bola, andar de bicicleta e brincar de esconde-esconde. As atividades que faziam sucesso na infância dos adultos são as mesmas que fazem a alegria dos pequenos de hoje. Para 47% das crianças, não gostam de brincar sozinhos.

Quando perguntadas do que gostavam na escola, as crianças não titubearam: 91% citaram as férias. E 89%, o recreio. O segundo número mostra que a escola é um lugar onde a criança se sente bem porque tem a oportunidade de interagir. “Elas gostam dos momentos em que podem brincar sem atividades guiadas”, afirma Maria Márcia Malavasi, coordenadora de pedagogia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Fonte: Revista Época - 25/05/12

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