Como anda a vida sexual?
Quais são os medos e as situações que interferem de
forma negativa ou positiva no desempenho sexual?
A resposta para essas e outras perguntas foi tema
do maior estudo sobre sexualidade já realizado no Brasil. Com coordenação de
Carmita Abdo, fundadora do Projeto Sexualidade do Instituto de Psiquiatria da
USP, o Estudo da Vida Sexual do Brasileiro foi realizado através de uma
pesquisa com cerca de 7.100 pessoas de todas as regiões do Brasil. A partir
dela, a professora escreveu O
descobrimento sexual do Brasil, que foi
lançado pela Summos Editorial.
Entre
os resultados obtidos, uma revelação: apesar da aparente liberação sexual
promovida pela mídia, nos programas de auditório, novelas para televisão, filmes,
seriados, músicas com letras picantes, comerciais entre outros. O brasileiro
ainda carrega muitos receios consigo para a cama. O principal deles é não
satisfazer o parceiro (55,9% homens e 45,4% de mulheres), porcentagem que
ultrapassa inclusive o medo de contaminações com doenças sexualmente
transmissíveis (44% para homens e mulheres).
Qual o motivo de tamanha preocupação com a
satisfação sexual?
A meta da relação sexual está calcada na satisfação
do parceiro, assim como em ter a comprovação do próprio desempenho. Também
foram pesquisadas as situações que interferem negativamente no desempenho. Após
o cansaço: 57,3% das mulheres e 50,1% dos homens, sendo expressivo o número de
referências à ansiedade: 24,9% de homens e 21,4% de mulheres.
Acredita-se que boa parte dessas ansiedades são
aprendizagens sociais. A principal preocupação do homem é com o tamanho de seu
pênis, ocorrendo comparações absurdas com atores de filmes pornográficos. A
sociedade também prega que ele tem que estar sempre pronto e disposto para
relação sexual, ressaltado durante os depoimentos. Quanto as mulheres, pode-se
inferir que o padrão de beleza vigente – “impossível de alcançar”- é uma das
causas que aumenta a insegurança e afeta a autoestima, inclusive na cama.
O modelo de mulheres que aparecem na televisão, no
cinema e nas mídias é um padrão raro - olhos coloridos, cabelo e pele bem
tratados, corpos esculturais sem estrias e sem celulites. A busca pela
perfeição ocorre nas academias, nas dietas malucas e cirurgias plásticas de
toda ordem - um desejo universal feminino. Portanto, quando elas não atingem o “padrão
de beleza”, muitas dizem preferir ter relações sexuais no escuro. O Estudo da
Vida Sexual do Brasileiro mostra que a atração física pelo parceiro é mesmo o
maior fator que os homens apontam para o bom desempenho sexual (73,5%), seguido
de tempo suficiente e tranquilidade (69,5%). Porém os homens reparam bem menos
do que as mulheres imaginam. O desejo vai além da estética, tem a ver com o comportamento,
charme, segurança, feminilidade e carinho que são aspectos altamente complexos.
As mulheres são mais românticas: 77,2% responderam
que o relacionamento com afeto e sentimento é o ingrediente principal para a
satisfação sexual. Em segundo lugar, o que conta é a intimidade (70,6%) e, em
terceiro, a atração física (68,2%). Sobre o exagero da preocupação com a forma
física em detrimento da intimidade e espontaneidade, é recorrente. No entanto, elas
muitas vez confundem a cama com uma passarela, e escravizam a sexualidade.
Sexo deve ser a complementação da vida e não um
sacrifício.
Fonte: Terra
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