domingo, 27 de maio de 2012

Dislexia



A complexidade do que é Dislexia, está diretamente vinculada ao entendimento do ser humano: de quem somos; do que é Memória e Pensamento, Pensamento e Linguagem, de como aprendemos e por quê podemos encontrar facilidades, mescladas de dificuldades em nosso processo individual de aprendizado. 
O maior problema para assimilarmos esta realidade está no conceito arcaico de que: "quem é bom, é bom em tudo"; isto é, a pessoa inteligente, tem que saber tudo e ser habilidosa no que faz. Posição equivocada que Howard Gardner aprofundou em suas pesquisas e estudos registrados, especialmente, em sua obra Inteligências Múltiplas. Insight que ele transformou em pesquisa cientificamente comprovada, que o alçou à posição de um dos maiores educadores de todos os tempos.
Pode-se afirmar que a dislexia tem base neurológica, e existe uma incidência expressiva de fator genético em suas causas, transmitido por um gene do cromossomo # 6 e por ser dominante, torna a dislexia altamente hereditária, e justifica que se repita nas mesmas famílias.
Estudos revelam que o disléxico tem a área específica de seu hemisfério cerebral lateral direito mais desenvolvida do que leitores considerados “normais”. Condição justificada ao seus "dons" como expressão de seu potencial, que poderá estar relacionado à sensibilidade, artes, atletismo, mecânica, visualização em 3 dimensões, criatividade na solução de problemas e habilidades intuitivas.
Uma pesquisa mais clara da dinâmica do comando cerebral em dislexia, anunciou uma  descoberta neurofisiológica, que justifica a falta de consciência fonológica do disléxico, a determinante mais forte da probabilidade de sua falência no aprendizado da leitura.
Descobriu-se que há dois mecanismos inter-relacionados no ato de ler: o mecanismo de fixação visual e o mecanismo de transição ocular demonstraram que crianças disléxicas e não-disléxicas não apresentaram diferença na fixação visual ao ler; mas que os disléxicos, porém, encontraram dificuldades significativas em seu mecanismo de transição "ao correr dos olhos", em seu ato de mudança de foco de uma sílaba a outra, fazendo com que a palavra passasse a ser percebida, visualmente como se estivesse borrada, com traçado carregado e sobreposto. Sensação que dificulta a discriminação visual das letras que formam a palavra escrita. "... É como se as palavras dançassem e pulassem diante dos olhos do disléxico". 
Dislexia é causa ainda ignorada de evasão escolar em nosso país, e uma das causas do chamado "analfabetismo funcional", por permanecer envolta no desconhecimento, na desinformação ou na informação imprecisa. Não é considerada como desencadeante de insucessos no aprendizado, de cada 10 alunos em sala de aula, dois são disléxicos, com algum grau importante de dificuldades. 
Ainda é de extrema relevância considerar estudos americanos, que provam ser de 70% a 80% o número de jovens delinquentes nos USA, que apresentam algum tipo de dificuldades de aprendizagem. É comum que crimes violentos sejam praticados por pessoas que têm dificuldades para ler. E quando, na prisão, eles aprendem a ler, seu nível de agressividade diminui consideravelmente.
Dislexia é uma específica dificuldade de aprendizado da Linguagem: em Leitura, Soletração, Escrita, em Linguagem Expressiva ou Receptiva, em Razão e Cálculo Matemáticos, como na Linguagem Corporal e Social. Não tem como causa falta de interesse, de motivação, de esforço ou de vontade, como nada tem a ver com acuidade visual ou auditiva como causa primária. Dificuldades no aprendizado da leitura, em diferentes graus, é característica evidenciada em cerca de 80% dos disléxicos. 
Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes sutil e até genial, mas que aprende de maneira diferente, portanto necessita de um um olhar diferenciado do educador.

Christina Luczynski

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