domingo, 2 de agosto de 2015

Por que algumas mulheres têm medo de dirigir?




As grandes transformações ocorridas na sociedade nas últimas décadas culminaram em diversas mudanças, desde a entrada da mulher no mercado de trabalho até sua participação mais efetiva em praticamente todos os segmentos sociais. Neste novo contexto a mulher, muitas vezes, precisa enfrentar uma dupla ou mesmo tripla jornada de trabalho, que pode ser facilitada quando a mulher passa a conduzir um veículo na realização de suas atividades, seja por um desejo pessoal ou por necessidade.

De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Trânsito (Abramet), dois milhões de brasileiros não conduzem por medo. Destes, 75% são mulheres com idades entre 30 e 50 anos, sendo que somente uma minoria delas desenvolveu o medo de dirigir após um evento traumático no trânsito.

Atualmente, há pouco material publicado sobre o medo de dirigir. Quem sofre com essa dificuldade tem pouca informação, se limita a buscar ajuda emocional e/ou convive com a sensação de estar sozinha frente ao dilema. Esta conflitiva tende a desenvolver baixa auto-estima, reforça sua insegurança e aumenta a percepção de crítica por uma sociedade que ensina e cobra tudo.

A origem do medo de dirigir pode estar atrelada a motivos particulares, e se manifesta em diversos níveis e/ou intensidade, que dependerão das influências sociais, do contexto histórico-cultural e do ambiente familiar.
Quando o medo de dirigir se manifesta de forma irracional, sem motivo aparente, e tem relação com uma visão bastante distorcida do objeto, pode ser caracterizado como uma fobia específica, denominada de Amaxofobia - surge quando o trânsito passa a ser percebido como uma ameaça irracional, gerando níveis de ansiedade e estresse significativos, que interferem no cotidiano.

Aspectos culturais igualmente podem implicar no fato de mulheres desenvolverem o medo de dirigir. Quando relacionam o aprendizado na infância com padrões de educação diferenciados entre os gêneros, isso tende a reforçar os papéis estereotipados de homens e mulheres na sociedade.  O menino desde cedo é estimulado a brincar com vários carrinhos, e percebe que o ato de dirigir é algo natural, enquanto a menina se depara com a oferta de várias bonecas: poucos pais presenteiam e/ou estimulam suas filhas a brincarem com carrinhos. Inconscientemente, ela poderá rejeitar do ato de dirigir. Soma-se a isso o preconceito historicamente elaborado por uma educação repressora direcionada a muitas mulheres. Elas também trazem consigo as intransigências vivenciadas da infância até a vida adulta, e por vezes estendem a sua realidade ao trânsito, passando a preocuparem-se com a avaliação do outro sobre si, que pode ali estar representada pelo seu histórico familiar.

Para refletir!


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