O efeito do álcool invade a corrente sanguínea alterando o comportamento do sujeito. Pode comprometer as relações interpessoais de quem consome e de quem está em sua companhia. Acelera a liberação dos impulsos sexuais, na busca da saciedade imediata, levando muitas vezes os jovens a aventurarem-se sexualmente, sem os devidos cuidados. O ato de “beber e ficar” alimenta as trocas de parceiros sem o uso dos preservativos, e o descuido dá vazão aos riscos da contaminação pelas DST/ AIDS. Isto acontece principalmente quando associado aos hábitos social e cultural, notadamente aceitos pela sociedade contemporânea.
Embora muitos estudiosos, mediante pesquisas científicas, comprovem os malefícios causados pelo uso abusivo do álcool associados às práticas sexuais, ainda existem jovens que negam estarem colocando em risco a vida pessoal e coletiva.
No ano de 2005 foi realizado um trabalho com 5.040 indivíduos de ambos os sexos, na faixa etária de 16 a 65 anos, no âmbito nacional. Os pesquisadores analisaram questões relativas ao consumo de álcool, drogas e comportamento sexual. Estes achados foram confrontados com aqueles da pesquisa realizada em 1998 quando houve correspondência entre as questões. O levantamento ocorreu a partir da seguinte questão:
"Em algum momento da sua vida você passou a beber regularmente (mais do que quatro vezes por semana)?"
Dentre os entrevistados, 17,9% utilizaram bebidas alcoólicas de forma regular (mais de quatro vezes por semana) em algum período de suas vidas; 2,9% continuaram a beber regularmente; 7,6% referiram beber com moderação; 0,3% referiram ter parado, mas voltado a beber regularmente e 0,2% disseram ter parado completamente de beber. Em contrapartida à proporção de indivíduos que disseram ter parado de beber, 60% dos entrevistados que fizeram uso regular de bebidas alcoólicas declararam ter pensado em parar de beber.
Em relação ao uso regular do álcool, o fato do indivíduo não ter sido criado em lar onde a religião se mostrou relevante aumentou sua chance de vir a adotar tal padrão de consumo. Portanto, famílias com hábitos e conceitos religiosos protegem mais seus filhos.
Esta pesquisa fornece uma análise comparativa entre os jovens de várias regiões do Brasil, no sentido de alertar aos órgãos públicos de saúde, sobre a necessidade de criarem programas mais específicos à prevenção do uso de álcool x sexo para os jovens. O consumo de bebidas alcoólicas constitui um problema central de saúde pública, devido aos danos secundários ao seu consumo abusivo e ao seu efeito modulador sobre as práticas sexuais, com inegável prejuízo à adoção de comportamentos seguros para uma expressiva camada da população sexualmente ativa do país.
Fonte: Revista Saúde Pública/SP
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