quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH


Durante muito tempo, acreditou-se que o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade- TDAH, era um problema de crianças. Poucas vezes, o distúrbio dos pequenos chegava a preocupar os pais. Achava-se que, na pior das hipóteses, aquele típico moleque irrequieto, que nunca se contentava com um único brinquedo, se tornaria uma pessoa “normal” quando adulto. Mas um levantamento recente publicado nos Estados Unidos, através da National Comorbidity Survey – Replication (NCS-R, ou “Pesquisa Nacional de Comorbidades”), divulgou oficialmente um estudo que analisou 9 mil americanos ao longo de dois anos. E concluiu: cada vez mais, o TDAH é um problema de adultos – algo capaz de arruinar a auto-estima, as relações afetivas e principalmente o seu desempenho profissional.

Também conhecido como DDA, o déficit de atenção e hiperatividade é consequência de um defeito genético que prejudica o funcionamento da região pré frontal do cérebro, responsável por regular os impulsos e filtrar as informações que a mente processa. As pessoas ficam desprovidas dessa espécie de válvula cerebral e, assim, começam a apresentar alguns traços particulares de comportamento. Os mais frequentes são a dificuldade de organização e concentração (tendem a fazer várias coisas ao mesmo tempo), impulsividade nas relações pessoais e, em muitos casos, a hiperatividade – que pode ser traduzida como uma necessidade irresistível de movimento.

Historicamente, achava-se que esse distúrbio atingia entre 1,5% e 3% da população adulta. A nova pesquisa, porém, revelou que a percentagem pode ser maior. Ao todo, 4,4% dos adultos sofrem de TDAH nos Estados Unidos. Parece pouco, mas o índice é considerado bastante alto para os padrões da psiquiatria. E tende a ser igualmente alto em outros países, incluindo-se o Brasil. “Isso significa que o TDAH, hoje, é uma das disfunções neurológicas mais comuns entre os adultos e, portanto, uma das mais recorrentes no ambiente de trabalho”, explica o professor Ronald Kessler, do Departamento de Medicina da Universidade de Harvard e principal coordenador da NCS-R.
Um olhar atento sobre a pesquisa de Kessler ajuda a entender o impacto que o TDAH pode ter na trajetória profissional de um indivíduo.

Conforme o levantamento, as pessoas que sofrem desse mal são altamente suscetíveis a outros distúrbios neuropsicológicos– chamados “comorbidades”. A dificuldade de avançar na carreira e os fracassos habituais na lida corporativa, por exemplo, fazem com que os portadores tenham seis vezes mais chances de desenvolver algum tipo de comportamento compulsivo, como o vício em jogo ou bulimia. Além disso, eles abusam mais as substâncias como álcool, maconha e cocaína e apresentam o triplo de problemas relacionados à ansiedade, como alergias, urticárias etc. O próprio desempenho no trabalho acaba sendo afetado.

Analisando pacientes diagnosticados com TDAH, Kessler observou que muitos deles (15,8% do grupo) passavam a maior parte do tempo ausentes de seu papel no emprego, na sociedade ou mesmo na família. Entre as pessoas consideradas saudáveis, apenas 6% se desviavam de suas obrigações. Somados todos os prejuízos relacionados à doença, desde as dificuldades de aprendizagem até os custos com planos de saúde, pode-se observar que seu impacto é enorme na vida de um sujeito.

Revista Amanhã

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