Também conhecido como DDA, o déficit de atenção e hiperatividade é consequência de um defeito genético que prejudica o funcionamento da região pré frontal do cérebro, responsável por regular os impulsos e filtrar as informações que a mente processa. As pessoas ficam desprovidas dessa espécie de válvula cerebral e, assim, começam a apresentar alguns traços particulares de comportamento. Os mais frequentes são a dificuldade de organização e concentração (tendem a fazer várias coisas ao mesmo tempo), impulsividade nas relações pessoais e, em muitos casos, a hiperatividade – que pode ser traduzida como uma necessidade irresistível de movimento.
Historicamente, achava-se que esse distúrbio atingia entre 1,5% e 3% da população adulta. A nova pesquisa, porém, revelou que a percentagem pode ser maior. Ao todo, 4,4% dos adultos sofrem de TDAH nos Estados Unidos. Parece pouco, mas o índice é considerado bastante alto para os padrões da psiquiatria. E tende a ser igualmente alto em outros países, incluindo-se o Brasil. “Isso significa que o TDAH, hoje, é uma das disfunções neurológicas mais comuns entre os adultos e, portanto, uma das mais recorrentes no ambiente de trabalho”, explica o professor Ronald Kessler, do Departamento de Medicina da Universidade de Harvard e principal coordenador da NCS-R.
Um olhar atento sobre a pesquisa de Kessler ajuda a entender o impacto que o TDAH pode ter na trajetória profissional de um indivíduo.
Conforme o levantamento, as pessoas que sofrem desse mal são altamente suscetíveis a outros distúrbios neuropsicológicos– chamados “comorbidades”. A dificuldade de avançar na carreira e os fracassos habituais na lida corporativa, por exemplo, fazem com que os portadores tenham seis vezes mais chances de desenvolver algum tipo de comportamento compulsivo, como o vício em jogo ou bulimia. Além disso, eles abusam mais as substâncias como álcool, maconha e cocaína e apresentam o triplo de problemas relacionados à ansiedade, como alergias, urticárias etc. O próprio desempenho no trabalho acaba sendo afetado.
Analisando pacientes diagnosticados com TDAH, Kessler observou que muitos deles (15,8% do grupo) passavam a maior parte do tempo ausentes de seu papel no emprego, na sociedade ou mesmo na família. Entre as pessoas consideradas saudáveis, apenas 6% se desviavam de suas obrigações. Somados todos os prejuízos relacionados à doença, desde as dificuldades de aprendizagem até os custos com planos de saúde, pode-se observar que seu impacto é enorme na vida de um sujeito.
Revista Amanhã
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