
Atualmente a dinâmica hospitalar e as relações médico-paciente
estão mudando e aos poucos a medicina retoma o antigo papel de ouvinte aliado
ao conhecimento técnico que o médico possui. Uma “nova” forma de tratar da
saúde das pessoas começa a tomar conta dessas relações, e o foco que antes era
o das relações tecnológicas volta-se para as relações humanas. A família passa
a ser valorizada como auxiliar no tratamento, o médico passa a ser reconhecido
também pela sua habilidade no contato humano e não só pela sua habilidade e
competência técnica. O doente passa a ser visto como um indivíduo que abriga
uma enfermidade, mas mantém sua subjetividade, e os profissionais de saúde
começam a tratá-lo de forma a ouvir e atender essas suas carências e
necessidades.
A tarefa do médico não é mais a de curar a doença, e sim de
cuidar. Cuidar sempre, curar se possível. Cuidar significa ouvir o outro, estar
atento às suas necessidades, buscar junto com o paciente, formas de cuidado e
atendimento que possam ajudá-lo. É olhar para o próximo com uma atitude humana.
Esses são ingredientes básicos da humanização na convivência social com os
seres humanos que se envolvem e são envolvidos no processo de cuidar.
É nesse cenário que encontramos a humanização hospitalar
pediátrica, que usa a brincadeira como forma de tornar a internação da criança
mais humana. Quando hospitalizada a criança passa por diversas situações que
alteram sua rotina drasticamente. Ela fica longe da família, dos amigos, da
escola, não pode mais brincar. A brincadeira é uma das maiores fontes de
desenvolvimento da criança. Através da brincadeira ela expressa o que sente, o que
pensa. Ela sonha, inventa, resignifica as situações vividas por ela no dia-dia,
constrói um mundo. Quando é privada de brincar a criança pára no tempo, seu
desenvolvimento físico e psicológico sofre grandes prejuízos como pudemos
observar na literatura pesquisada.
A humanização pediátrica é uma tentativa de tornar a estadia da
criança no hospital uma vivência menos traumática, e para isso são usados
recursos lúdicos como brinquedos, músicas, palhaços. Segundo os profissionais
entrevistados, a brincadeira nesse ambiente tão hostil para a criança é
importantíssima para que ela consiga compreender, assimilar e vivenciar melhor
o tratamento durante sua internação. Brincando ela resgata o vínculo com sua
rotina, que é temporariamente interrompido por ocasião de sua internação.
Observamos, dessa forma, que o brincar é um instrumento muito importante e que
auxilia a criança a lidar com a fragilidade e o medo que a doença e seus
tratamentos produzem.
Além de auxiliar a criança a compreender melhor a situação, o brincar
proporciona uma recuperação mais rápida. Ter a possibilidade de brincar
aproxima mais a criança dos profissionais de saúde, e sua disponibilidade para
os procedimentos e medicamentos utilizados durante a internação são mais bem
aceitos.
Mediante tudo que foi pesquisado e depois de analisar os dados
coletados assim como a literatura pesquisada concluímos que o brincar no
hospital só traz benefícios, não havendo contra-indicações que impeçam seu uso.
Os benefícios são tanto clínicos quanto psicológicos, e esta é uma prática que
deve ser incentivada. As instituições que buscam melhorar o atendimento
pediátrico devem procurar meios de proporcionar a brincadeira ou outras
atividades lúdicas como forma de cuidar.
Fonte: Psicologado Artigos
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