segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Brincar é Coisa Séria


A medicina, que antes era voltada para o cuidado com o ser humano, voltou seu foco para a tecnologia, e aos poucos se esqueceu do indivíduo, do homem como um todo, cuidando somente da doença que esse corpo abrigava. O médico que era o cuidador de família, que ouvia e estava sempre presente passou a distanciar-se em nome da tecnologia, erroneamente colocada em primeiro plano.
Atualmente a dinâmica hospitalar e as relações médico-paciente estão mudando e aos poucos a medicina retoma o antigo papel de ouvinte aliado ao conhecimento técnico que o médico possui. Uma “nova” forma de tratar da saúde das pessoas começa a tomar conta dessas relações, e o foco que antes era o das relações tecnológicas volta-se para as relações humanas. A família passa a ser valorizada como auxiliar no tratamento, o médico passa a ser reconhecido também pela sua habilidade no contato humano e não só pela sua habilidade e competência técnica. O doente passa a ser visto como um indivíduo que abriga uma enfermidade, mas mantém sua subjetividade, e os profissionais de saúde começam a tratá-lo de forma a ouvir e atender essas suas carências e necessidades.
A tarefa do médico não é mais a de curar a doença, e sim de cuidar. Cuidar sempre, curar se possível. Cuidar significa ouvir o outro, estar atento às suas necessidades, buscar junto com o paciente, formas de cuidado e atendimento que possam ajudá-lo. É olhar para o próximo com uma atitude humana. Esses são ingredientes básicos da humanização na convivência social com os seres humanos que se envolvem e são envolvidos no processo de cuidar.
É nesse cenário que encontramos a humanização hospitalar pediátrica, que usa a brincadeira como forma de tornar a internação da criança mais humana. Quando hospitalizada a criança passa por diversas situações que alteram sua rotina drasticamente. Ela fica longe da família, dos amigos, da escola, não pode mais brincar. A brincadeira é uma das maiores fontes de desenvolvimento da criança. Através da brincadeira ela expressa o que sente, o que pensa. Ela sonha, inventa, resignifica as situações vividas por ela no dia-dia, constrói um mundo. Quando é privada de brincar a criança pára no tempo, seu desenvolvimento físico e psicológico sofre grandes prejuízos como pudemos observar na literatura pesquisada.
A humanização pediátrica é uma tentativa de tornar a estadia da criança no hospital uma vivência menos traumática, e para isso são usados recursos lúdicos como brinquedos, músicas, palhaços. Segundo os profissionais entrevistados, a brincadeira nesse ambiente tão hostil para a criança é importantíssima para que ela consiga compreender, assimilar e vivenciar melhor o tratamento durante sua internação. Brincando ela resgata o vínculo com sua rotina, que é temporariamente interrompido por ocasião de sua internação. Observamos, dessa forma, que o brincar é um instrumento muito importante e que auxilia a criança a lidar com a fragilidade e o medo que a doença e seus tratamentos produzem.
Além de auxiliar a criança a compreender melhor a situação, o brincar proporciona uma recuperação mais rápida. Ter a possibilidade de brincar aproxima mais a criança dos profissionais de saúde, e sua disponibilidade para os procedimentos e medicamentos utilizados durante a internação são mais bem aceitos.
Mediante tudo que foi pesquisado e depois de analisar os dados coletados assim como a literatura pesquisada concluímos que o brincar no hospital só traz benefícios, não havendo contra-indicações que impeçam seu uso. Os benefícios são tanto clínicos quanto psicológicos, e esta é uma prática que deve ser incentivada. As instituições que buscam melhorar o atendimento pediátrico devem procurar meios de proporcionar a brincadeira ou outras atividades lúdicas como forma de cuidar.
Fonte: Psicologado Artigos

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